Os estudantes que ingressaram na Universidade Federal do Paraná (UFPR) por meio do sistema de cotas alcançaram, em 2023, uma taxa de conclusão superior à dos não cotistas. O dado reflete os resultados divulgados pelo Censo da Educação Superior 2023, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
De acordo com o Censo, 51% dos alunos cotistas da rede federal concluíram a graduação no ano, enquanto entre os não cotistas o índice foi de 41%. Um padrão semelhante foi observado no âmbito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies): a taxa de conclusão dos beneficiários do programa atingiu 49%, contra 34% dos estudantes que não tiveram acesso ao financiamento.
Impacto das políticas de inclusão
A política de cotas, regulamentada pela Lei nº 12.711/2012 e atualizada em 2023, destina 50% das vagas das instituições federais a estudantes de baixa renda, além de incluir quilombolas, pessoas com deficiência e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. A nova versão da lei também reforça que cotistas devem ser prioridade em ações de permanência acadêmica, como assistência financeira e suporte psicológico.
Na UFPR, os resultados têm se destacado. Em 2023, a universidade registrou uma taxa geral de conclusão de 57,4%, mas entre os cotistas esse índice foi ainda mais expressivo, alcançando 67,3%, frente aos 51,7% dos estudantes que não ingressaram pelo sistema de cotas.
“Esses números mostram o sucesso das políticas de cotas. Eles refletem que os estudantes cotistas não apenas ocupam suas vagas, mas conseguem concluir seus cursos com um desempenho admirável”, afirma o Pró-reitor de graduação Júlio Gomes.
Permanência e apoio acadêmico
A UFPR conta com iniciativas da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE) e da Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (SIPAD) para garantir o cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Esses esforços buscam reduzir a evasão acadêmica por meio de bolsas, auxílios e suporte psicológico.
Patrick Rodrigues, formado em Design de Produtos, é um exemplo do impacto dessas ações. Ele ingressou na universidade por meio das cotas para baixa renda e destaca a relevância do auxílio da PRAE. “As políticas de permanência foram fundamentais para eu conseguir continuar na faculdade, especialmente em um curso que demanda muitos gastos com materiais e impressões”, relata.
Além do suporte financeiro, Patrick teve acesso a atendimento psicológico gratuito, o que ele considera um divisor de águas. “Estava num momento em que precisava muito fazer terapia, e foi pela PRAE que consegui. Esse apoio foi essencial”, completa.
Inclusão transforma vidas
Para Ana Laura, estudante de Medicina e cotista PCD, o impacto das cotas vai além do acesso. “Sem a lei de cotas, eu jamais teria conseguido entrar na universidade. Essas ações são fundamentais para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de acesso ao ensino superior”, afirma.
Primeira de sua família a conquistar uma vaga em uma universidade pública, Mayane Santos, estudante que ingressou por meio das cotas raciais e de renda, destaca a importância do sistema de cotas, mas também aponta a necessidade de avanços.
“Atualmente, a lei de cotas é fundamental para permitir o acesso de alguns grupos ao ensino superior. Ela é uma ótima medida provisória. Mas ainda há a necessidade de mudança nas políticas públicas atuais para prover acesso à educação de qualidade”, reflete a estudante.
Os números e histórias reforçam a importância das ações afirmativas no Brasil, que não apenas democratizam o acesso às universidades, mas também criam condições para que os estudantes possam concluir seus cursos e transformar suas vidas.
Imagem destaque: Samira Chami Neves
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